quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O fascínio do mar...



Quando eu morrer
voltarei para buscar
os momentos que não vivi
junto ao mar...

Sophia de Mello Andresen


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Alma da Tempestade

A Alma da Tempestade
Filho, marido, pai, — toda a trindade
Do seu amor — o Mar pôde perdê-los...
Noite de vendaval: escuridade,
Relâmpagos, trovões, atros novelos

De nuvens, fragor de ondas, atropelos
De ventos... E ela olhava a imensidade
Encharcadas as roupas e os cabelos,
Na praia, em pé, hirta na tempestade.

E ainda hoje ela uiva as maldições e as pragas,
Louca, gênio, de um ódio ingênuo e mau,
No concerto dos ventos e das vagas.

Misturam-se-lhe os lúgubres lamentos
Na noite negra, ao troar dos raios, ao
Quebrar das ondas, ao gemer dos ventos!

Afonso Lopes de Almeida

Se o mar Entrar

Se o mar Entrar
Se o mar entrar em casa, com sas flores de som
inundar os tapetes, onde a cinza se instalou.
Com o tempo,e as minúcias do pó.
O mar já está aberto e voltado de borco!
Se o mar entrar o chão já se rompeu
pelos buracos a cor,abre-se a floresta
É um tambor de paz o dia fruto novo

Casimiro de Brito

Das Estrelas, que contemplei

Das Estrelas, que contemplei

Das estrelas que contemplei, molhadas por rios e orvalhos diferentes
Escolhi apenas a que amava e desde então durmo com a noite.

Da onda, de uma onda e outra onda, verde mar, verde frio, verde ramo
escolhi apenas a onda: a onda do indivisível do teu corpo.
Todas as gotas, todas as raízes, todos os fios da luz vieram ver.

Eu quis para mim a tua cabeleira, e de todos os dons da minha pátria
só escolhi teu coração selvagem

Pablo Neruda