sábado, 28 de agosto de 2010
Barca Azul
A barca azul dos sonhos passa ainda
o casco prateado refletindo o luar
sobre as espumas.
Passa cheia de sonhos e a noite infinda
borda estrelas azuis no negro mar
de brumas...
£una
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Também o deserto
Também o deserto vem
do mar. Não sei em que navio,
mas foi desses lugares
que chegaram ao meu jardim
as palmeiras.
Com o sol das areias
em cada folha,
na coroa o sopro
ainda húmido das estrelas
Eugénio de Andrade
As ondas do mar
As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.
Sophia de Mello Breyner Andresen

Quando por fim voltares, traz no olhar
a nesga de areal onde algum dia
te encontrei entre a espuma e a maresia,
passeando a surpresa de haver mar.
Traz também nos cabelos o luar
e deixa que o veneno da poesia
nos envenene aos dois em sintonia,
como exige o mistério do lugar.
Talvez assim eu possa finalmente
segredar-te as palavras que não soube
dizer-te no momento em que te vi
pela primeira vez e, de repente,
o mundo foi tão grande que não coube
na minha voz e logo emudeci.
Torquato da Luz
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Luar

Face do muro tão plana,
como sabugueiro florido.
O luar parece que abana
as ramagens na parede.
A noite toda é um zumbido
e um florir de vaga-lumes.
A boca morre de sede
junto à frescura dos galhos.
Andam nascendo os perfumes
na seda crespa dos cravos.
Brota o sono dos canteiros
como o cristal dos orvalhos.
Cecília Meireles
Lua Marinheira
terça-feira, 24 de agosto de 2010
O Velho e o Mar
" - O peixe tαmbém é meu αmigo - disse em voz αltα.
- Nuncα vi ou ouvi fαlαr de um peixe desse tαmαnho.
Mαs tenho de mαtá-lo. É bom sαber que não tenho
de tentαr mαtαr αs estrelαs. Imαgine o que seriα se
um homem tivesse de tentαr mαtαr α luα todos os
diαs", pensou o velho. "α luα corre depressα.
Mαs imαgine só se um homem tivesse de mαtαr o sol.
Nαscemos com sorte."
O Velho e o Mαr
Hernest Hemingway
*
- Nuncα vi ou ouvi fαlαr de um peixe desse tαmαnho.
Mαs tenho de mαtá-lo. É bom sαber que não tenho
de tentαr mαtαr αs estrelαs. Imαgine o que seriα se
um homem tivesse de tentαr mαtαr α luα todos os
diαs", pensou o velho. "α luα corre depressα.
Mαs imαgine só se um homem tivesse de mαtαr o sol.
Nαscemos com sorte."
O Velho e o Mαr
Hernest Hemingway
*
Juro que te vi

juro que te vi
na espuma branca da onda
encrespada pelo vento da manhã
te vi...na nuvem passageira que ameaçava
desabar
e na areia branca da praia, beijada
pela brisa suave que vinha do mar
Te vi no sorriso de uma criança fazendo castelos
e no grito das gaivotas que iam em bando
pros lados dos rochedos...
Te vi no beijo que não te dei..
e na saudade que ficou
entre meus dedos....
£una
*
Quando as estrelas...

quando morrer a ultima estrela
no teto azul da manhã
e a espuma do mar vier banhar os nossos corpos
ainda adormecidos do amor
quando os primeiros ventos do outono
atravessarem as rendas do horizonte
rasgando as ultimas sombras da madrugada
sobre a maré cheia
te cobrirei de conchas e sargaços
para que o mar não te leve de mim,
como levou os castelos que ergui na areia
sem se importar com os meus medos e cansaços.
£una
*
Hão de Saber

hão de saber as ondas pq tanto mar
e tanto pranto nessas cantigas que
rebentam na praia
hão de saber as ondas
o porquê desta furia nos rochedos
da intrepidez da gaivota que mergulha
sem medo
hão de saber porque o vento que fustiga
e encrespa as ondas ao luar
do latejar incessante do fundo das águas
quando a maré se levanta em seu verde profundo
e tudo é só mar...
£una
domingo, 22 de agosto de 2010
A Moça do Vestido Branco

Eras a moça de vestido branco,
com os pés beijados pelas ondas,
e os cabelos cor do sol de abril.
Todo o segredo do mar era teu,
o canto das vagas nas conchas,
as algas dos dias de calmaria,
a dança na ponta das estrelas.
Teu olhar ia aos mares do sul,
habitava alguma ilha esquecida,
país do amor eterno e distante,
de naufrágios com finais felizes.
Lá te espero sobre a areia fina,
onde escrevo todos os dias
teu nome de espuma, gaivota,
moça do vestido cor de salina.
Alvaro Bastos
#
Praia Distante

Numa praia distante,
onde só os meus sonhos
estiveram contigo,
te adivinho os passos,
entre conchas e gaivotas,
o sorriso de espuma
e o brilho dos olhos
que faz as ondas
se jogarem na areia.
Alvaro Bastos
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