segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Escreve o Mar


Escreve o mar


Até a folha em que escrevo chega o mar
com seu pulsar cheio de naufrágios
como meu coração.

E na folha, da mesma forma que na areia, 
escreve seu segredo trêmulo
e sua canção.

Banha de nácar e cristal meu sonho
diurno e, se calo, escreve em meu silêncio
seu coração.

(Como em outro planeta canta um pássaro.
Quase humana, respira a manhã
de jasmim e limão.

Talvez sonhada ou recordada voa
como uma ferida azul a mariposa
com sua ilusão).

Em uma onda vem todo o mar
e ao pé deste poema se desfaz
como uma rosa que cantara.

Onde é mais só o mar
e mais largo e mais fundo e terno e feroz
é no meu coração.


Eduardo Carranza
(O coração e o Mar)

Nenhum comentário: